Os trabalhadores da empresa Oliveira e Ferreira, situada em Riba d’Ave, Vila Nova de Famalicão, empresa do sector têxtil, estiveram em greve no dia 14 deste mês. Esta empresa tem 250 trabalhadores e apesar de ter encomendas, os trabalhadores nunca sabem em que dia do mês irão receber o seu salário, facto que ocorre já há vários anos.
Esta insegurança dos trabalhadores, provoca-lhes imensos constrangimentos, na realização de projectos nas suas vidas e na efectivação de pagamentos a determinadas entidades que têm que ser liquidados em dias definidos.
A entidade patronal , questionada pelos trabalhadores, nada declara nem justifica.
Este é um caso típico entre os empresários, que pensam que os trabalhadores se devem sujeitar a tudo e que deveriam dar graças por ainda terem trabalho. Esta situação é alimentada pelo próprio estado que prevê todo o tipo de sanções pecuniários para o não cumprimento atempado dos compromissos financeiros das empresas (juros e multas) com excepção dos compromissos perante os trabalhadores. Daí a opção fácil e lógica de atrasar o pagamento de salários.
E esta luta é também um caso típico de luta cujo conteúdo implícito ultrapassa em muito os objectivos imediatos conscientes porque o simples facto de ter ocorrido denuncia o carácter de classe do estado existente, nomeadamente uma das formas que assume a ditadura burguesa, estado esse que tem de ser derrubado para, sobre os seus escombros, ser construído um estado inteiramente novo e verdadeiramente democrático de ditadura do proletariado.
(baseado em correspondência do camarada P. Veríssimo)
. As incertezas sobre o dia...