Actuam como ladrões, pela calada da noite, às escondidas. E são ladrões. Acolhidos como salvadores, depressa mostram o seu carácter. São as multinacionais. Agora já nem as regras mais elementares se dispõem a seguir. As operárias trabalharam até sexta-feira em encomenda para estar concluída a 28 de Dezembro, mas na noite de sexta para sábado as máquinas foram empacotadas e os patrões preparavam o seu carregamento em cinco camiões durante o fim de semana. Dado o alarme, pela gerente segundo uma fonte, por uma operária que foi à fábrica porque se tinha esquecido de bens pessoais no seu interior segundo outra fonte, as dezenas de operárias juntaram-se à porta da fábrica para impedir a saída das máquinas. Aí foi-lhes anunciado que estavam despedidas. Os salários estavam em dia e uma grande encomenda encontrava-se a meio, no entanto os patrões da "Irskens portuguesa" dignaram-se mandar dizer por um tradutor que a vão fechar porque "noutros locais a mão-de-obra é mais barata". Resta perguntar para quando é que tinham programado dizer qualquer coisa às operárias: para amanhã ou para nunca. Resta também perguntar como é que tencionavam pagar as indemnizações legais, já que também argumentam que as máquinas não pertencem à empresa com as quais as trabalhadoras têm contrato, e cessar contratos obriga a cumprimento de obrigações: algum dia ou nunca. Actuaram como ladrões, é como ladrões que devem ser tratados. No entanto o ministério da economia e a câmara de Lousada deram-lhes hoje assento em negociações. Que negociações?
O espectro da fome abate-se sobre mais 90 trabalhadoras. E não vai ser a indemnização legal e o mísero subsídio de desemprego, consoante o que está legalmente estabelecido, 65% do salário por um período variável consoante a idade e o tempo de descontos, que as irá salvar. É preciso exigir que o valor do subsídio de desemprego seja igual ao salário e por todo o tempo em que a trabalhadora se encontre desempregada e até encontrar trabalho igual ou superiormente remunerado.