A maioria PSD/CDS da câmara do Porto aprovou ceder o mercado do Bolhão, em direito de superfície e por meio século, à multinacional holandesa TCN, por um milhão de euros no momento da emissão da licença de construção e uma percentagem dos resultados de exploração a partir do décimo ano (2,5% do 10º ao 33º e 43,5% do 34º ao 50º). O presidente da câmara, como que a justificar tamanho desmando, veio-nos dizer que em vez de deixar às vereações vindouras um passivo escondido, lhes deixará um activo escondido. Para quem o "rigor" é palavra de ordem, tais contas deixam muito a desejar: sendo o investimento de 50 milhões de euros e os resultados anuais esperados, antes das amortizações, superiores a 3 milhões de euros, em vez de um activo escondido, temos uma "falta de vocação" (eufemismo para preguiça e/ou incapacidade de gestão) escondida e uma dádiva de bens públicos do povo portuense à gula de interesses privados. O que o presidente está, na verdade, a dizer é que a câmara é incapaz, quando dirigida por si, de governar ou reabilitar eficazmente sequer um quarteirão do Porto. Se o conjunto do povo portuense sai prejudicado, mais prejudicados ainda se sentem os feirantes representados pela Associação de Feirantes do Distrito do Porto, cujos sócios feirantes do mercado vão ter que concorrer de novo aos lugares da praça (menos do que os que agora existem e apenas no 2º andar do novo edifício, pois os outros andares mais baixos vão para funções "mais nobres", ou seja, para centro comercial), pagando ao novo senhorio não se sabe ainda quanto, ou optar por ficar empregados do novo centro (não se sabe que tipo de contrato será, ou se não serão despedidos no dia seguinte por "inadaptação" ou outra coisa qualquer).
. Mercado do Bolhão entregu...